quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Deputada Neusa solicita ampliação de telefonia celular na Bacia do Jacuípe

Com o objetivo de contribuir no desenvolvimento de áreas rurais de diversos municípios, a deputada Neusa Cadore apresentou indicações na Assembleia Legislativa solicitando ao governador Jaques Wagner a instalação de sinal de telefonia celular em sete comunidades: Angico (Mairi), Itatiaia (São José do Jacuípe), Paraíso e Junco (Jacobina), Bravo e Ponto (Serra Preta) e Barreiros (Riachão do Jacuípe).

As referidas comunidades localizam-se em municípios da Bacia do Jacuípe e concentram população acima de três mil habitantes. A deputada Neusa justifica que essas localidades têm agregado cada vez mais serviços e empreendimentos que contribuem na dinamização econômica e na geração de emprego e renda. No entanto, a ausência de sinal de telefonia celular tem dificultado a comunicação entre as pessoas, impondo barreiras que impactam no desenvolvimento socioeconômico.

Por reconhecer o empenho do Governo do Estado na consolidação dos mecanismos de melhoria da qualidade de vida dos municípios localizados no semiárido e no avanço dos instrumentos que garantem o pleno direito à comunicação, é que solicitamos o atendimento dessa reivindicação. “O sinal de telefonia móvel é hoje um dos principais anseios dessas comunidades e se configura de extrema importância para o dia a dia destes munícipes e para o exercício de suas atividades”, afirma Neusa.

Fonte: Ascom Mandato da Gente / Lourivânia Soares 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

I Conferência Municipal de Políticas para Mulheres de Serra Preta ou Conferência de Mulheres feita por homens???


A 1ª Conferência de Políticas para Mulheres aconteceu no dia 28 de setembro de 2011, em Serra Preta, na sede do município. O principal objetivo do evento era, ou pelo ou menos deveria ser, discutir políticas sociais públicas que garantam às mulheres os direitos que sempre lhes foram negados por tanto tempo, permitindo-lhes, assim, ocupação efetiva dos espaços e dos diferentes setores que compõem a sociedade promovendo, desta forma, a tão sonhada autonomia econômica, social e política das mulheres.
No entanto, ao nos depararmos com o espaço no qual aconteceria o evento, nós mulheres serrapretenses, infelizmente, fomos surpreendidas com situações inusitadas. Em momento algum, na qualidade de mulheres do campo, filhas de pequenos agricultores, de origem humilde, negras, nos sentimos representadas naquele espaço, pois a descontextualização era gritante em todos os aspectos. 

Para começar, a abertura do evento foi uma verdadeira piada de mau gosto, desrespeito total ao público: A 1ª Conferência de Políticas para Mulheres teve a mesa de abertura composta majoritariamente por homens. Num total de nove membros, seis eram homens e apenas três mulheres, uma contradição. Este espaço que deveria, prioritariamente, defender políticas que promovam a igualdade entre os gêneros, só reafirmou o legado histórico de dominação masculina nos diferentes espaços e a sociedade patriarcal e machista em que vivemos.

Por que será que as verdadeiras mulheres serrapretenses, que estão diariamente enfrentando dificuldades para terem acesso aos serviços básicos (saúde, habitação, alimentação, segurança) e que lutam para colocar comida na mesa todos os dias não estavam presentes na mesa de abertura do evento? Por que tivemos que ouvir por minutos intermináveis os secretários das mais variadas Secretarias e um vereador falarem de realidades tão diferentes da que vivemos? As mulheres foram definidas como “um assunto complexo” e que necessitam de alguns cuidados específicos como o exame preventivo ginecológico, pré-natal... Como se a complexidade da mulher fosse determinada apenas por fatores biológicos e fisiológicos. Resumindo: A principal discussão feita pela mesa restringiu-se apenas a longos elogios ao excelentíssimo prefeito Adeil Figueredo Pedreira.

Tanto se discutiu sobre emancipação, empoderamento e espaço para a mulher, mas o que se viu foi uma vontade deliberada de não possibilitar a permanência de todas as mulheres, inclusive as mais carentes, no evento. Não tendo maneira de deixar seus filhos em casa, grande parte das mulheres são obrigadas a levá-los junto consigo a qualquer atividade que participam. Todos sabemos que em nenhum lugar de Serra Preta existe creche. Mas, um mínimo de cuidado na Conferência de Mulheres deveria se ter, reservando um lugar adequado e um monitor para que cuidasse delas, enquanto suas mães estavam na atividade. As crianças correndo e falando (atividades normais para essa faixa etária), inúmeras vezes tiravam a atenção de suas mães e das outras presentes, mobilizando as organizadoras a pedir a elas, às crianças, que ficassem quietas, estáticas, imóveis...

Outro fato absurdo foi a ornamentação do espaço do Salão Comunitário de Serra Preta, pois ao observar as mulheres que estampavam os cartazes nas paredes não havia semelhança, relação nenhuma com as mulheres serrapretenses trabalhadoras, mães de famílias, donas de casa, pequenas agricultoras, que muitas vezes desempenham o papel de pai e mãe na família, consequência das políticas adotadas no município, em que as pessoas são obrigadas a abandonarem sua terra  em busca de melhores condições de vida em outras cidades e até estados.

Além disso, as únicas fotos e cartazes que possuíam mulheres negras eram aqueles que abordavam a violência doméstica, como se apenas este grupo fosse atingido por esse problema social. Um grande equívoco, pois a violência doméstica não tem cor, idade, classe social, grau de instrução ou espaço geográfico.

O que dizer das mulheres que representam o Poder Legislativo de Serra Preta? Lamentável... Por que será que não se fizeram presente neste espaço que deveria ser de construção de políticas públicas para mulheres? Será que toda luta existente pelo tão sonhado e falado empoderamento da Mulher nunca vai ser efetivado em Serra Preta?

Certamente as picuinhas políticas, os interesses mesquinhos e pessoais reinaram mais uma vez em nosso município.

Até quando vamos ter que ser “representados” por esses cidadãos que em momento algum se preocupam com os problemas que afligem a comunidade em todos os seus aspectos?

Um dos objetivos das Conferências é a elaboração de uma plataforma com propostas de políticas para Mulheres e a eleição de delegadas para representar e defender as propostas do município na Conferência Interterritoral. Foi no momento da eleição que as arbitrariedades, a má fé, a desonestidade, tão presente no nosso no cenário político de Serra Preta, transpareceram. O número de delegadas é determinado pelo número de habitantes do município, assim, Serra Preta terá quatro delegadas sendo três representando a sociedade civil e uma representando o poder público, escolha feita através de votação da plenária. Esta escolha foi fraudulenta. Pessoas votaram várias vezes, inclusive os próprios membros da comissão organizadora, poder público votou em representantes da sociedade civil, pessoas que não participaram efetivamente da Conferência entraram no espaço no momento da votação.

Então, diante desse desastre, esperamos sinceramente que a Prefeitura Municipal de Serra Preta, juntamente com seus colaboradores, quando resolverem promover eventos como a Conferência de Políticas para Mulheres, tenha, no mínimo, responsabilidade e respeito para com as pessoas sérias, trabalhadoras, que abrem mão de suas atividades diárias para se fazerem presentes.

A metodologia das conferências não pode ser reduzida à mera obrigação de ser realizada. Tem que ser a representação efetiva do pensamento e da construção coletiva dos vários segmentos organizados da sociedade civil e, no caso específico da Conferência de Políticas para Mulheres tem que superar a superficialidade no tratamento do tema e dar condições para que todas possam participar em condições de igualdade.



 Assinam: Núcleo de Mulheres do Movimento Militância Vermelha